Up - Altas Aventuras

Postado por Jefferson Bruno On 13:09

Se você acha que a Pixar não conseguiria mais surpreender o espectador, espere só até conferir UP - Altas Aventuras. Não foi à toa que a nova produção de uma das maiores produtoras de animação do mundo foi selecionada para a abertura do festival de Cannes.

Dirigido por Pete Docter (Monstros S.A.), UP conta a história de Carl Fredricksen, um velho rabugento de 78 anos que após uma série de desventuras resolve mudar sua casa de uma cidadezinha dos EUA para uma cachoeira para a América do Sul. Só que Carl acaba levando por acidente, o pequeno escoteiro Russel e os dois embarcam juntos numa grande aventura dentro da floresta amazônica.

Uma das sensações a primeira vista de UP é que a Pixar voltou um pouco atrás com relação ao medo do fracasso comercial (coisa bem contraditória depois de Wall-E) e com isso resolveu fazer um equilíbrio entre a arte e o entretenimento: enquanto os primeiros 15 minutos de filme, onde a vida de Carl é contada, são carregados de cenas de grande beleza, emoção e uma carga dramática intensa, do meio para o final ela é recheada de piadinhas, personagens engraçadinhos e um vilão que parece meio mal encaixado na história.

Parecia até que John Lasseter e cia queriam resgatar algumas regras ultrapassadas da escola de animação de Disney.

Mas por outro lado, analisando a narrativa do filme, fica interessante notar como seu ritmo é extremamente ligado a vida e à personalidade do próprio Carl. Preso ao seu passado, amargurado por nunca ter atingido suas grande expectativas de vida, ele precisa de uma aventura para finalmente se libertar do passado, mas a presença de Russel vem para dizer que por mais que possamos nos planejar, a vida sempre vem trazer algum imprevisto que acaba sempre mudando o rumo da aventura.

O curioso é que, quando Carl abandona todos os imprevistos e atinge seu objetivo ele percebe que os imprevistos é que compõem uma aventura de verdade e que, por mais diferente que seu passado tenha sido do que planejara, foi uma grande aventura vivida. Ele se vê então obrigado a retornar e a enfrentar os imprevistos anteriormente abandonados.

Essa descoberta que vai acontecendo ao decorrer do filme vai transformando Carl de um velho rabugento a um “velho jovem” aventureiro, mas também vai afetando o ritmo da narrativa que de drama vai se transformando para comédia e aventura, claro que auxiliado pela participação de vários outros personagens que servem de alivio cômico. Coisa bem comum aos filmes da Disney e da Pixar (o gênio de Alladin, Timão e Pumba de O Rei Leão, Dory de Procurando Nemo, Mike de Monstros S.A…)

Essa mudança acaba trazendo a mais importante mensagem do filme: A nossa vida, por mais simples que possa parecer sempre será uma aventura e cabe a nós darmos conta disso.

O design das personagens merece um destaque. Carl é praticamente uma figura geométrica mais quadrada demonstrando claramente uma falta de flexibilidade enquanto Russel, mais gordinho e redondo representa justamente o lado mais dinâmico e participativo.

Já a animação primorosa tem seu troféu nas diferentes reações do pássaro Kevin por ter praticamente a mesma feição o filme inteiro seus sentimentos são notados unicamente pela sua movimentação e pela forma como grasnava. Parece óbvio ao espectador tal informação, mas acredite, para um animador chegar a esse ponto são meses e meses de estudo da personagem.

As cópias legendadas são praticamente inexistentes, mas não há necessidade de ter medo do trabalho de Chico Anysio. O velho comediante de 1000 faces faz um ótimo trabalho e a direção de Garcia Jr traz a garantia de qualidade na versão brasileira.

E como de costume, peço uma especial atenção aos créditos: Um álbum de fotos onde a função citada tem a ver com o conteúdo de cada foto que vai passando (inclusive com o easter egg do nome de um filme muito amado por todos os Nerds quando aparece uma foto de Carl e Russel indo ao Cinema).

Como sempre, a Pixar nunca vem com a promessa de ser melhor, mas sim de sempre ser diferente do que já produziu anteriormente. UP não vai possui a poesia visual da Wall-E ou a perfeição de cenários de Procurando Nemo. Mas certamente já contribui com sua marca na história do cinema da animação com uma narrativa que muda de forma surpreendente sem ofender a inteligência do espectador.

1 Comment

  1. Anônimo Said,

    Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    Posted on 23 de setembro de 2009 às 15:26

     

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